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Alouette III - 57 anos na FAP - 1963-2020

 

 

 

Aerospatiale SA-316B Alouette III

 

 

 

Historial na FAP:

 

O helicóptero ligeiro francês Aerospatiale SA-316B Alouette III (Sud-Est SE.3160) teve baptismo de fogo em 1963 nas Guerras Ultramarinas Portuguesas, inicialmente em Angola mas depois também em Moçambique e na Guiné Portuguesa, onde a FAP - Força Aérea Portuguesa combateu as tropas rebeldes pró-independentistas. Os pilotos e técnicos portugueses tornaram-se exímios e excelentes profissionais na operação táctica do aparelho. Este serviu praticamente para tudo, desde a evacuação médica de feridos em combate, transporte de assalto com tropas especiais, até ao ataque anti-guerrilha. Para ataques de saturação contra alvos no solo, o helicóptero era armado com um canhão Mauser MG-151/20 (20mm) disparando pela abertura do portão esquerdo. A FAP também utilizou o Alouette III como helicóptero batedor e reconhecedor para o Exército Português, como transporte aerotáctico geral e até como aeronave-correio.

 

A partir de Abril 1963, a FAP adquiriu à França grandes quantidades de helicópteros ligeiros Aerospatiale SA-316B Alouette III (então Sud-Est SE.3160) como complemento aos poucos aparelhos SE.3130 Alouette II que estavam ao serviço. Os helicópteros eram extremamente necessários para o esforço da Guerra do Ultramar, a decorrer em três frentes separadas a milhares de quilómetros de distância entre si, nomeadamente em Angola, na Guiné Portuguesa e em Moçambique. Estes ex-Territórios Ultramarinos eram enormes teatros de conflitos de guerrilha, sem caminhos nem estradas, onde o mato e a selva eram vastos e predominantes. Nestas condições muitíssimo difíceis, com muito calor e humidade, o meio aéreo era imprescindível na movimentação rápida das tropas, no seu transporte, na infiltração e exfiltração de forças especiais de Comandos e na evacuação rápida dos soldados feridos. Milhares de combatentes portugueses deveram a sua vida graças ao socorro destes “anjos da guarda”. Tal como aconteceu com o UH-1 Huey naquela que ficou conhecida como “A Guerra do Helicóptero” (Vietnam), também as imagens dos soldados portugueses a saltarem dos aparelhos durante as missões de heli-assalto correram mundo, tornando este helicóptero no símbolo máximo e mais mediático da Guerra do Ultramar Português.

 

O primeiro aparelho foi entregue em 25 Abril 1963 na Base Aérea nº9 (BA9) em Luanda, Angola, tendo a frota inicial começado a operar em (IOC-Initial Operational Capability) a 18 Junho 1963. Os Alouette III básicos estavam desarmados e tinham o nome de código "Canibais". Estes realizavam essencialmente operações de transporte geral, ligação, reconhecimento, heliassalto e evacuação sanitária. A estes juntavam-se os Alouette III armados, chamados “helicanhões” na gíria dos pilotos. Tinham o nome de código "Lobos Maus" e executavam missões de escolta, protecção e apoio aéreo aproximado, estavam equipados com um canhão Mauser MG-151/20 (20mm). O artilheiro estava sentado de lado e disparava o canhão pela abertura do portão esquerdo. Nos inícios dos Anos 70, foram testadas duas metralhadoras pesadas Colt-Browning M2 (12,7mm) disparando por solenóides G-9, com as respectivas caixas municiadoras montadas lateralmente. Em 1973 realizaram-se também algumas experiências para incorporar pods lança-rockets em suportes laterais. Várias configurações foram testadas mas nem as metralhadoras, nem os rockets, chegaram a ser usados em combate em virtude da Guerra Ultramarina ter terminado no ano seguinte com a Revolução do Movimento das Forças Armadas, em 25 Abril 1974. Quando os Alouette III regressaram a Portugal, a partir de 1974, a frota de "helicanhões" foi mantida e adoptou-se uma nova configuração com dois pods lança-rockets (7X37mm/2,75") fixados em suportes laterais. Dentro da cabine, ao lado esquerdo da consola de instrumentos, foi montado um suporte Type MK813 com um visor-colimador de tiro SFOM 83A3. Esta frota de Alouette III armados serve, até ao presente, para missões ofensivas de ataque ao solo no âmbito das operações subordinadas à NATO.

 

A FAP adquiriu um total de 142 Alouette III, o segundo maior número de aeronaves de um único modelo ao serviço de Portugal a seguir ao avião T-6 Texan/Harvard. Os Alouette III operaram em praticamente todas as bases aéreas e aeródromos da FAP no Continente, Ilhas e Ultramar. Com o fim da Guerra Ultramarina, em 1974, a maioria destes helicópteros foi doada pelo Governo Português a Angola, Moçambique e Guiné-Bissau os quais viriam a constituir as suas futuras forças aéreas, permanecendo uma parte deles ainda em operação nos dias de hoje. Os restantes foram embarcados e regressaram a Portugal, alguns foram destacados para missões de Busca e Salvamento Costeiro (SAR) sendo equipados com guincho lateral esquerdo de içagem e recuperação e aplicados flutuadores (tipo botes), eram os populares "pantufas". Outros, além do guincho, receberam suportes laterais com flutuadores insufláveis (tipo saco). Actualmente, os helicópteros remanescentes estão baseados na BA11 Beja com um pequeno destacamento no AM1 Maceda-Ovar em alerta permanete (SAR-24h/365 dias). Os Alouette III servem essencialmente para transporte geral, ligação, heliassalto, treino, instrução básica, instrução complementar, conversão operacional, vigilância e reconhecimento, filmagem e fotografia aérea, busca e salvamento (SAR) no mar e em terra, evacuação sanitária (MEDEVAC), transporte de brigadas anti-fogo e apoio na coordenação aérea ao combate a incêndios florestais. Alguns deles fazem parte da Patrulha Acrobática “Rotores de Portugal” e regularmente exibem-se com grande espectacularidade em festivais aéreos no país e no estrangeiro. Em 2013 comemoraram-se os "50 Anos de Operação do Alouette III na FAP", mais um marco de longevidade deste fiável e robusto aparelho, um dos helicópteros ligeiros mais operados em todo o mundo, quer por forças militares quer por entidades civis, um "clássico" por excelência. Um considerável contingente destes veteranos helicópteros regressou à Metrópole no Pós 25 de Abril 1974 continuando a servir na FAP ao longo de 57 anos. Os últimos helicópteros SA-316B Alouette III vinham sendo operados pela Esquadra 552 Zangões cujo lema é "...Em Perigos E Guerras Esforçados...". Eles foram retirados do serviço activo da FAP numa cerimónia a 17 Junho 2020 na Base Aérea nº11 (BA11) em Beja, Portugal. No entanto, no resto do mundo estas seguras, robustas e fiáveis aeronaves de asas rotativas continuam a ser operadas em dezenas de forças aéreas militares e operadores civis, 65 anos após o seu primeiro voo realizado em 28 Fevereiro 1959 (dados de 2024).

 

 

(Miniatura à escala 1/72 do Alouette III da FAP).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

  

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

                                                     

 

 

 

 

  

(Alouette III, 50 Anos de História e Video-Filme com Comentários).

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(O Significado da Pintura Decorativa dos 50 Anos).

(Esquadra 552 "Zangões" na BA11 Beja).

(Site Oficial da Esquadra 552 "Zangões").

(Patrulha Acrobática "Rotores de Portugal").

(Alouette III, Percurso ao Serviço de Portugal).

(Alouette III, 57 Anos na FAP e Video-Filme).

(Alouette III, Cerimónia do Fim de Operação na FAP). 

(Esquadra 552 "Zangões" apresenta relógio de despedida do Alouette III).