CASA C-212-300S Aviocar (FAP - Força Aérea Portuguesa); Camuflagem: US Vietnam Humbrol H116/H117/H118/H28; Origem: Espanha; Tipo: avião de transporte geral e multi-missão; Motores: 2x turbohélices Garrett Air Research (Honeywell) TPE331-10R-513C (925SHP); Velocidade Máxima: 370Km/h; Raio de Acção: 835Km; Alcance (ferry): 1920Km; Tecto Máximo: 8020m.
O CASA C-212 Aviocar é um avião bimotor de tamanho médio, para transporte geral e de carga, podendo também executar outras missões. É propulsado por dois turbohélices com hélices de velocidade constante, de passo variável e travagem "reverse". Foi construído em Espanha para uso civil e militar, sendo um dos mais usados aviões do seu género no mundo.
O C-212 Aviocar foi projectado, desenhado e fabricado pela companhia espanhola CASA-Construcciones Aeronáuticas, S.A. (hoje parte do consórcio europeu EADS) e teve a sua origem em meados dos Anos 60 por encomenda do Ministério da Aeronáutica Espanhol. Totalmente metálico, o Aviocar é basicamente um C-130 Hercules em tamanho mais reduzido, sem pressurização e com trem de aterragem fixo (não-retráctil) tipo triciclo. Uma exigência básica no projecto era ter capacidade (STOL-Short Take-Off and Landing) para poder operar em pistas impreparadas, improvisadas e rudimentares, ou em clareiras de terra batida, ou em capim de mato, e descolar ou aterrar em menos de 400m. O Aviocar tem asa alta e a fuselagem tem secção quadrangular para obter maior espaço interno, com o piso equipado com esteiras e roletes para deslizar paletes e na sua traseira há uma rampa que permite fáceis e rápidas cargas e descargas. Esta rampa pode ser aberta em pleno voo para o lançamento de páraquedistas ou de cargas extraídas por páraquedas (PDS), desde alta altitude (HAD), média altitude (MAD), até rasar o solo (LAPES. A rampa tem duas rodas pequenas que permitem que o avião role a baixa velocidade pela pista, com ela aberta, enquanto as cargas são atiradas para fora. Em alternativa, o avião tem capacidade para transportar 18 tropas ou 16 paraquedistas com equipamentos completos, ou 12 macas para feridos e três médicos ou enfermeiros, ou até 2000Kg de cargas paletizadas, ou ainda dois veículos ligeiros, ou atrelados.
O primeiro protótipo CASA C-212-100 Aviocar (matrícula XT12-1) era equipado com dois turbohélices Garrett Air Research (Honeywell) TPE331-5-251V (700SHP) com hélices de três pás e voou pela primeira vez em 26 Março 1971. A primeira variante de série foi o C-212-100A de Transporte Geral, equipado com turbohélices TPE331-5-251C (750SHP) e hélices Dowty-Rotol de quatro pás, porta lateral de entrada à esquerda, de abrir para a frente, e bolha transparente de vigia e observação no tecto da cabine de pilotagem. Esta variante foi seguida pelas subvariantes C-212-100A-1 de Guerra Electrónica e Interferência de Contramedidas (EW-ECM) com radar “em cunha” no nariz e emissor bojudo no topo da deriva de leme, C-212-100A-2P específica para a FAP-Força Aérea Portuguesa com porta lateral de abrir para baixo tendo escada de acesso incorporada, sem bolha no tecto e em sua substituição um painel amovível com suporte para periscópio do sextante de navegação, e o C-212-100A-2S de Patrulha e Vigilância Marítima (MP). A variante C-212-100B estava equipada com haste (MAD) na ponta da cauda como (APRT-Aeronave de Pesquisa de Recursos Terrestres), a subvariante C-212-100B-2B era para Foto-Reconhecimento Aéreo (Air Photo-RECCE). Seguiram-se a variante C-212-100C de Transporte Civil, a variante C-212-100D para Treino de Navegadores, e a variante C-212-100E para Treino de Pilotos. A variante NC-212-100 é fabricada sob licença de patente, desde 1976, pela IPTN-Nurtanio (hoje parte da IAe-Indonesian Aerospace) da Indonésia para as forças militares e companhias civis locais. Em 1979 a produção mudou para a versão de Transporte Civil C-212-200 com turbohélices TPE331-10R-511C (900SHP) girando hélices Hartzell de quatro pás em material compósito, fuselagem ligeiramente alongada, maiores pesos operativos e filetes (LERX) nas raízes dos estabilizadores. A variante militar é o C-212-200M de Transporte Geral com capacidade para 28 tropas ou 23 páraquedistas completamente equipados, ou 20 macas para feridos e três médicos ou enfermeiros, ou 2770Kg de cargas peletizadas. Esta variante pode ser internamente transformada em configuração para Evacuação Médica (MEDEVAC) ou para missões de Busca e Salvamento (SAR) em alto mar, podendo neste caso levar balsas salva-vidas de enchimento insuflável, bóias, sinalizadores luminosos e fumígenos e outros iténs para apoio a náufragos. A variante C-212-200DE para Guerra Electrónica e Interferência de Contramedidas (EW-ECM) tem radar “em cunha” no nariz e emissor bojudo no topo da deriva, sendo a evolução directa do equivalente anterior C-212-100A-1. A variante C-212-200MP é para Patrulha e Vigilância Marítima (MP) e, em opção, também para Busca e Salvamento (SAR) em alto mar, com itens de socorro a náufragos como balsas salva-vidas de enchimento insuflável, bóias, sinalizadores luminosos e fumígenos, tem um grande radar de busca e detecção no nariz, ou em alternativa uma torreta de queixo giroestabilizada (FLIR-LLTV) FLIR Systems Star Safire II e um grande domo ventral com radar marítimo Raytheon APS-148 Sea Vue de busca e detecção em 360º, o interior está equipado com consolas do sistema (FITS) CASA, além de janelões laterais rectangulares em bolha para visão vertical na secção traseira. A variante NC-212-200 é fabricada sob licença de patente pela IPTN-Nurtanio da Indonésia para as forças militares e companhias civis locais. Esta variante é equipada com dois turbohélices TPE331-10R-512C (920SHP) do tipo “quente-e-alto” girando hélices Hartzell de quatro pás em material compósito. A variante C-41A, com base no C-212-200M, foi uma pequena série vendida ao Exército dos EUA (US Army), com alguns aparelhos depois repassados para a Força Aérea dos EUA (USAF). A versão seguinte foi o C-212-300/NC-212-300 de Transporte Civil, equipado com dois turbohélices TPE331-10R-513C (925SHP) com as mesmas hélices quadripás, asas de maior envergadura com pontas levantadas “winglets”, depósitos de combustível-extra "drop fueltanks" em cabides "pylons" subalares (opcionais), deriva de leme mais alta e nariz alongado com radar de navegação Bendix RDR-1400C. A Guarda Costeira dos EUA (US Coast Guard) avaliou um aparelho destes durante um ano em transporte logístico como HC-41B, não tendo firmado contrato de compra para mais aparelhos. A variante militar é o C-212-300M de Transporte Geral com capacidade para 31 tropas ou 26 páraquedistas completamente equipados, ou 22 macas para feridos e três médicos ou enfermeiros, ou 2980Kg de cargas peletizadas. A variante C-212-300ASW é para Guerra Anti-Submarina (ASW) com um grande radar de busca e detecção no nariz. A variante C-212-300DE é para Inteligência Electrónica e Interferência de Comunicações (ELINT-ECM). A variante C-212-300MP é para Patrulha e Vigilância Marítima (MP) e, em opção, também para Busca e Salvamento (SAR) em alto mar, com os itens de socorro a náufragos e os equipamentos atrás citados. A variante C-212-300P é equipada com dois turbohélices Pratt & Whitney PT6A-65 (920SHP) do tipo "quente-e-alto" girando hélices Hartzell quadripás de material compósito, sendo esta motorização uma alternativa para alguns operadores civis ou militares. A variante C-212-300R é para Foto-Reconhecimento Aéreo (Air Photo-RECCE), e a variante C-212-300S é uma aeronave (SIFICAP-Sistema Integrado de Vigilância, Fiscalização e Controlo das Actividades da Pesca) para a FAP-Força Aérea Portuguesa. Esta variante tem um grande radar de busca e detecção no nariz, suportes laterais com tubos de sistema-radar de visão lateral (SLAR), depósitos de combustível-extra "drop fueltanks" em cabides "pylons" subalares, sensores ventrais, janelões laterais rectangulares em bolha para visão vertical na secção traseira e interior configurado com consolas especiais para operadores especialistas. A versão seguinte é o C-212-400/NC-212-400 de Transporte Civil, com janelas quadradas, equipado com dois turbohélices TPE331-12JR-701C (925SHP) e com novas hélices Dowty Rotol R-3414-82 quadripás em material compósito. O peso da carga útil subiu dos 2320Kg da Série 300 para os 2950Kg nesta versão. Para o manuseio da carga, que pode ser acondicionada em paletes especiais, o tecto do porão está agora equipado com um guincho (opcional) capaz de deslocar até 1000Kg. O piso mantém as esteiras e roletes para deslizar as paletes e na traseira mantém-se também a rampa que permite fáceis e rápidas cargas e descargas. O interior da aeronave tem sistema de ar condicionado, ventilado, aquecido e uma melhor insonorização. Tal como nas anteriores versões, tem quatro tanques internos para combustível integrados dentro das asas. O único ponto de abastecimento que, nas anteriores versões, estava situado sob o bordo de ataque da asa direita passou, nesta versão, para a carenagem direita do trem de aterragem principal, de forma a estar mais perto do solo e facilitar as operações. Da Série 300 herdou as asas com “winglets”, a deriva de leme alta e o nariz alongado com o novo radar de navegação Rockwell Collins WXR-300. Os aviónicos passaram a ser digitais, com a modernização "update" feita pela Garmin Glass Avionics. Eles incluem radaraltímetro duplo Rockwell Collins ALT-55B, transponder (IFF) Rockwell Collins TDR-90, suite de comunicações-rádio "transceiver" (VHF) Rockwell Collins VHF-22B, sistema de navegação (VHF) Rockwell Collins VIR-32, sistema de piloto-automático (AFCS) Honeywell SPZ-4500, e sistema marcador de baliza/transmissor-localizador de emergência (MBR-ELT) Dorne & Margolin ELT-14-1. Outros sistemas são o (TCAS) TCAS-4000, (ADF) ADF-462, (VOR-LOC-ILS) VIR-351 e (DME) DME-42, todos da Rockwell Collins. Há ainda o sistema de gestão de voo (FMS) Universal UNS-1K com receptor combinado (GPS-INS) Litton LTN-101, instrumentos de voo electrónicos (EFIS) Rockwell Collins EFIS-84 com quatro ecrãs policromáticos (MFD-CRT), sistema (IEDS) com dois ecrãs policromáticos (MFD-CRT), sistema indicador de alerta (WIS), unidade de referência inercial (IRU), "caixas negras" (FDR) Fairchild, e intercomunicadores (HF) Rockwell Collins HF-230 para a tripulação. As variantes militares são o C-212-400M para Transporte Geral, o C-212-400S para (SIFICAP) e o idêntico C-212-400MP para Patrulha e Vigilância Marítima (MP) e, em opção, também para Busca e Salvamento (SAR) em alto mar, com os itens de socorro a náufragos e os equipamentos atrás citados no C-212-200MP. Esta variante está igualmente equipada com torreta de queixo giroestabilizada (FLIR-LLTV) FLIR Systems Star Safire II, interior com consolas do sistema (FITS) CASA, lançador de sonobóias na secção ventral traseira, depósito de combustível-extra "drop fueltank" no cabide "pylon" subalar direito e holofote com foco dirigível no cabide oposto esquerdo, janelões laterais rectangulares em bolha para visão vertical na secção traseira, vários sensores electrónicos e um grande domo ventral com radar marítimo Telephonics APS-128 Griffon de busca e detecção em 360º. Este potente radar tem capacidade para detectar e localizar um barco de pequeno porte a 60Km de distância ou um grande navio a 210Km. Também funciona em modo atmosférico, detectando as condições meteorológicas até 300Km de distância. O C-212-400MP está também equipado com um sistema de transmissão de dados via-satélite (SDT-SATCOM), uma fotocâmara para registos de posição e tempo sobre embarcações vigiadas, um sistema de navegação automática de voo (AFN) com padrões de rotas e perfis de pesquisa pré-gravados, e um sistema telefónico interno com seis estações ligadas das consolas dos operadores aos sistemas de comunicações externas.
A Força Aérea Portuguesa (FAP) operou a versão 100 nas variantes e subvariantes C-212-100A, C-212-100A-1, C-212-100A-2P, C-212-100B, C-212-100B-2B e C-212-100D, e a versão 300 na variante C-212-300S. Os Aviocar foram operados na FAP de 1974 a 2011, durante 37 anos. Actualmente o Aviocar continua sendo fabricado na Espanha pela CASA (C-212-400 e variantes) e na Indonésia pela Nurtanio (NC-212-100/200/300/400 e respectivas variantes). Tirando os inúmeros operadores civis, o Aviocar foi ou está sendo usado por 56 operadores militares em 45 países numa grande variedade de utilidades. É uma espécie de carrinha de transporte multi-usos, sendo a sua enorme versatilidade a razão do grande êxito mundial de vendas que obteve. O Aviocar é um prático avião de transporte graças aos seus baixos custos de aquisição, de operação e de manutenção, por ser altamente robusto e duradouro, muito fiável e extremamente fácil de operar, não necessitando de apoios em terra, e também por ter uma cabine de transporte relativamente grande com fácil acesso por uma prática rampa traseira.
Operadores Militares: África do Sul (AF), Angola (AF), Argentina (Army/Coast Guard), Austrália (Army), Bolívia (AF/Army), Bophuthatswana (AF), Botswana (AF), Burma/Birmânia (AF), Chade (AF), Chile (AF/Army/Navy), Colômbia (AF/Army/Navy), Coreia do Sul (Coast Guard), Djibouti (AF), EAU (Abu Dhabi AF), Equador (Army), Espanha (AF), EUA (C-41A - USAF/US Army/US Coast Guard), Filipinas (AF), França (AF), Ghana (AF), Guiné Equatorial (AF), Indonésia (AF/Army/Navy), Jordânia (AF), Lesoto (AF), Malta (AF), México (Navy), Moçambique (AF), Nicarágua (AF), Panamá (AF), Paraguai (AF), Rep. Dominicana (AF), Senegal (AF), Somália (AF), Sudão (AF), Suécia (Navy/Coast Guard), Suriname (AF), Tailândia (Army), Transkei (AF), Uruguai (AF), Venda (AF), Venezuela (Navy), Vietnam (Coast Guard), Zaire/Rep. Dem. Congo (AF), Zimbabué (AF) e Portugal (AF).