Dassault Breguet-Dornier Alpha Jet-A (FAP - Força Aérea Portuguesa); Camuflagem: US Vietnam (wrap around) Humbrol H116/H117/H118; Origem: França-RFA; Tipo: jacto ligeiro de treino avançado, ataque anti-superfície e apoio aéreo aproximado; Turboreactores: 2x SNECMA-Turbomeca Larzac 04-C6 (1350Kg de empuxo cada); Velocidade Máxima: 1160Km/h; Raio de Acção: 1230Km; Alcance (ferry): 2940Km; Tecto de Serviço: 14.630m.
O Alpha Jet é um avião ligeiro bireactor a jacto, bilugar em tandem, desenvolvido em conjunto pela empresa aeronáutica francesa Dassault Breguet e pela alemã Dornier.
Nos princípios dos Anos 60, as forças aéreas europeias começaram a considerar os seus equipamentos para as décadas seguintes e um dos resultados dessa revisão foi a necessidade de conceber uma nova geração de jactos de treino para substituir alguns treinadores antigos. O Reino Unido e a França começaram então uma estreita colaboração com vista à construção de um jacto supersónico de treino/ataque ligeiro. O resultado desta colaboração foi o SEPECAT Jaguar, que provou ser um excelente caça-bombardeiro (o monolugar) e um excelente treinador de conversão operacional (o bilugar). Mas criou-se uma lacuna na FAF-Força Aérea Francesa, devido à ausência de uma moderna aeronave de treino avançado. Então, a França iniciou conversações com a RFA-República Federal da Alemanha para uma colaboração, tendo a especificação comum sido criada em 1968. O desenvolvimento e o contrato de produção foram assinados em Julho 1969, o qual especificava que as duas nações iriam produzir 400 aeronaves, metade cada uma em linhas de fabrico e montagem próprias. Para o concurso, foram apresentadas três propostas por três grupos de fabricantes aeronáuticos: a Dassault Breguet e a Dornier apresentaram o projecto TA501, uma fusão do Breguet BR.126 e do Dornier P.375, a SNIAS-MBB propôs o E.650 Eurotrainer, e a VFW-Fokker propôs o VFT-291. Todas as propostas deveriam incluir como fonte de propulsão dois turboreactores SNECMA-Turbomeca Larzac. Na avaliação, o projecto TA501 foi declarado vencedor em Julho 1970, e o seu desenvolvimento aprovado em Fevereiro 1972. Dois protótipos foram então construídos pela Dassault Breguet (Alpha Jet-01/-02) e outros dois construídos pela Dornier (Alpha Jet-03/-04). O protótipo Alpha Jet-01 francês voou pela primeira vez em Outubro 1973 e o seu congénere alemão Alpha Jet-03 em Janeiro 1974. Os restantes dois protótipos Alpha Jet-02/-04 realizaram o primeiro voo no final de 1974.
A Dassault Breguet fabricou 176 Alpha Jet-E de treino avançado que foram entregues até 1985 à FAF. Até 1983, a Luftwaffe (Força Aérea da então RFA) recebeu 175 Alpha Jet-A de ataque anti-superfície e apoio aéreo aproximado. A diferença externa entre ambos é que o Alpha Jet-E tem a ponta do nariz rombuda e arredondada, com aletas-filete laterais. Já o Alpha Jet-A tem a ponta do nariz abicada com um tubo de pitot. Como o Alpha Jet foi idealizado para avião de treino, a cabine bilugar tem os pisos escalonados de forma a que o assento traseiro fique mais elevado para o tripulante-instrutor ter melhor visão dianteira. Os assentos ejectáveis, do tipo “face-cega”, são os Martin-Baker MK4-AJRM4 (zero-zero) no Alpha Jet-E, ou MBB-Stencel S-III-S/AJ (zero-zero) no Alpha Jet-A. Os vidros da cabine são em plexiglass blindado à prova-de-balas e à prova de impacto de aves, possuindo cordões detonadores de fragmentação accionados aquando a ejecção dos assentos em caso de emergência. O Alpha Jet-A alemão é mais sofisticado que o francês pois tem aviónicos de combate adicionais tais como um visor frontal (HUD-Head Up Display) Kaiser-VDO KM-808, receptores de alerta anti-radar/anti-mísseis (RWR-Radar Warning Receiver) Elettronica ELT-156 (ou Elisra SPS-1000 nos Alpha Jet-A da FAP), possibilidade de levar debaixo da cauda um ou dois "packs" dispensadores (CMDS-Counter Measures Dispenser System) Tracor ALE-40 (complementado por um terceiro sob a ponta do cone de cauda dos Alpha Jet-A da FAP) com cartuchos "chaff/flares" para despistamento anti-radar e autodefesa anti-mísseis, sistema de referência de atitude e direcção (AHRS-Attitude and Heading Reference System) Lear Siegler LSI-6000E (ou Kearfott KN-4071 com capacidade "all weather" nos Alpha Jet-A da FAP), sistema de navegação Doppler Litef LDN gerido por computador de navegação LR-1416, e rádios de comunicações (UHF/VHF). Alguns Alpha-Jet-A estão equipados para missões de interferência de contramedidas electrónicas (ECM-Electronic Counter-Measures) com o assento traseiro removido e substituído por um um kit-módulo Elettronica EL-70-72 que interfere nas frequências-rádio e nos radares de detecção inimigos. Estes Alpha-Jet-A geralmente acompanham a formação de ataque composta por outros aviões amigos, dando-lhes protecção e cobertura electrónica na incursão.
Embora pequeno e ligeiro, este formidável jacto franco-alemão pode transportar uma ampla variedade de armamentos tais como: vários tipos de bombas de exercício (practice bombs), bombas convencionais Marquardt GP/HE MK82/83 ou Matra SAMP MK12/13/14, bombas de queda retardada Marquardt MK82 Snakeye, bombas de fragmentação (cluster bombs) Hunting BL-755, Matra BGL-66 Belouga ou Aerojet MK20 Rockeye em suportes (DER-Double Ejection Rack) Aviation ML, bombas anti-pista Matra Durandal ou Brandt BAP-100, bombas anti-tanque/anti-pessoal Brandt BAT-120, pods lança-rockets Matra RL-F-4 (68mm), Matra SNEB-155 (68mm), LAU-51A (70mm) ou LAU-3A/B (70mm), e mísseis anti-navio (ASV-Anti-Surface Vessel) Aerospatiale AM-39 Exocet. Em missões de reconhecimento, pode ser acoplado ao cabide-pylon subalar interno um pod de reconhecimento Dassault Breguet CEM-1 (com 1 fotocâmara Omera 40 panorâmica, 1 fotocâmara Omera 61 vertical, e 2 fotocâmaras Omera 61 oblíquas). O Alpha Jet-A pode ainda ser equipado no ventre com um pod de canhão IWKA-Mauser BK-27 (150 projécteis combinados HE/HEI de calibre 27mm e selector de cadências 1000/1700 tiros p/min.). Já o Alpha Jet-E francês pode ser equipado com o pod de canhão DEFA 553 (150 projécteis combinados HE/HEI de calibre 30mm e cadência 1300 tiros p/min.). Para aumentar a autonomia, ambas as versões do avião podem levar tanques subalares de combustível Type 450P (310L) quer nos cabides-pylons subalares internos, quer nos externos. Tanques de combustível maiores Type 625P (450L) também estão disponíveis mas só podem ser fixados nos cabides-pylons subalares internos.
Uma versão melhorada também foi fabricada, o Alpha Jet MS2 NGEA. Esta versão tem turboreactores mais potentes Larzac 04-C20 (1440Kg), nariz encurtado com telâmetro-laser Thomson-CSF TMV-630 para guiar bombas a laser (LGB-Laser Guided Bombs), visor frontal digital (HUD) Thomson-CSF VE-110, radaraltímetro TRT AHV-9, sistema de navegação inercial (INS-Inertial Navigation System) Sagem ULISS 81 para liberação ultraprecisa de bombas ou rockets, trilhos para mísseis “ar-ar” a infravermelho (AAM-IR) Matra R-550 Magic 2 de curto alcance, e tanques de combustível Type 625P (450L) nos cabides-pylons subalares internos.
Para além da ex-RFA (actual Alemanha unificada) e da França, o Alpha Jet foi exportado para Bélgica (Alpha Jet-B), Reino Unido (Alpha Jet-A da DERA-Luftwaffe), Marrocos (Alpha Jet-H), Egipto (Alpha Jet MS1/MS2 NGEA), Nigéria (Alpha Jet-N), Togo (Alpha Jet-C), Costa do Marfim (Alpha Jet-C), Camarões (Alpha Jet MS2 NGEA), Qatar (Alpha Jet-C), Tailândia (Alpha Jet-A ex-Luftwaffe), e Portugal (Alpha Jet-A ex-Luftwaffe). Concretamente a FAP-Força Aérea Portuguesa operou 40 Alpha Jet-A desde Setembro 1993 a Janeiro 2018, mais de 24 anos. Nessa frota, alguns foram destacados para as equipas acrobáticas Parelha da Cruz de Cristo (inicialmente) e Asas de Portugal (posteriormente). Na França, alguns dos Alpha Jet-E da FAF também equipam a equipa acrobática Patrouille de France, uma das mais famosas do mundo.
O birreactor Alpha Jet é um avião esteticamente esbelto, de concepção muitíssimo robusta, altamente fiável e extremamente durável. Possui turboreactores em gôndolas semicarenadas ao corpo da fuselagem com tomadas de ar a cada lado e tubeiras de escape na secção traseira. Entre elas, há um gancho ventral de accionamento hidráulico para aterragens com travagem de emergência. A célula tem asas enflechadas de posição alta na fuselagem para dar altura a armamentos volumosos. Os estabilizadores e a cauda-deriva do leme são também enflechados. O trem de aterragem fuselado é fabricado pelo consórcio Hispano-Bugatti-Liebherr. É extremamente forte para o avião poder operar em pistas semipreparadas de campanha, fora das bases, sendo do tipo triciclo retráctil hidráulico, com pneus de baixa pressão e sistema anti-derrapagem ABS (anti-skid).
Em resumo, o Alpha Jet é dotado de aviónicos sofisticados que lhe permitem capacidade de operar em quaisquer condições meteorológicas em “todo-o-tempo”, de dia ou de noite, tanto a alta como a ultrabaixa altitudes. Este excelente avião é incontestavelmente um dos mais avançados e melhores jactos ligeiros do mundo, sendo extremamente versátil a operar tanto como treinador avançado, como ofensivamente em ataque táctico, ataque marítimo, ou ainda em apoio aéreo aproximado às forças de superfície.