Cessna-Reims FTB-337G Super Skymaster (FAP - Força Aérea Portuguesa); Camuflagem: US Vietnam Humbrol H116/H117/H118/H28; Origem: EUA-França; Tipo: avioneta de transporte ligeiro, de ligação, e de ataque ao solo; Motores: 2x Continental IO-360-D (225CV); Velocidade Máxima: 360Km/h; Raio de Acção: 1577Km; Alcance (ferry): 2398Km; Tecto Máximo: 7620m.
A Cessna envolveu-se durante anos no estudo de uma avioneta simples de operar, de baixo custo, fiável, robusta e confortável, de quatro a seis lugares e que oferecesse a reconhecida vantagem e a segurança acrescida dos bimotores. Na sequência do estudo, optou por aplicar o conceito (CLT-Center-Line Thrust) que consistia de dois motores na fuselagem, um à frente e outro atrás. Surgiu então a Cessna C-336 Skymaster, também conhecida por "push-pull" (puxa-empurra) devido à disposição dos seus motores Continental IO-360-A (195CV) em tandem. Éra uma avioneta bimotor, com fuselagem central de asa alta com dois fusos “boons” de cauda e duas derivas de leme, estabilizador entre as duas ligando os fusos, e trem triciclo. Devido às suas excelentes performances, podia operar em condições (STOL) em pistas de reduzidas dimensões e com diversos tipos de piso (asfalto, relva, terra batida, picada de mato etc.), o que a tornava utilizável na maior parte das condições mais duras. A disposição dos motores (tractor e impulsor), cujas hélices giravam em sentidos inversos (anulando o torque uma da outra), eliminava também os problemas de assimetria de tracção que geralmente dificulta a pilotagem de aeronaves bimotores convencionais em caso de avaria (pane) de um dos motores. A combinação de um motor que tracciona e outro que impulsiona, produz um ruído de funcionamento muitíssimo peculiar e distinto. Além do piloto, a avioneta podia transportar cinco passageiros, ou duas macas e um assistente, equipamento de primeiros socorros, ou duas câmaras fotográficas para fotografia oblíqua e vertical. A C-336 Skymaster tinha trem de aterragem triciclo fixo, com guarda-lamas carenados aerodinâmicos sobre as rodas, e voou pela primeira vez em Fevereiro 1961. Entrou em produção em Maio 1963 e ficou em produção durante apenas um ano, com 195 exemplares produzidos. A C-336 foi então substituída pela C-337 Super Skymaster, maior, com motores mais potentes IO-360-C (210CV), com performances melhoradas, seis lugares, trem de aterragem retráctil e uma tomada de ar dorsal para refrigeração do motor traseiro. A seguinte versão C-337A tinha algumas mudanças de detalhes e a C-337B um aumento do peso máximo à descolagem com um porta-bagagens carenado no ventre. A C-337C tinha um novo painel de instrumentos e maior aumento no peso máximo à descolagem. A C-337D era baseada na C mas com algumas mudanças de detalhes e pontas das asas alargadas com “wingtips” de diedro negativo. A C-337E era baseada na D mas com novo aumento do peso máximo à descolagem. A C-337F era baseada na E mas também com aumentos de pesos. A C-337G era baseada na F mas tinha portas de abertura automática (split airstair entry doors) para aumento da refrigeração dos motores, duas janelas quadrangulares em cada lateral da fuselagem traseira, filetes arrendondados nas derivas, flaps assistidos e motores IO-360G (260CV) com a hélice frontal maior. A C-337H era baseada na G mas podia ser opcionalmente equipada com motores turbo-alimentados Continental TSIO (séries), e a P-337H tinha cabine pressurizada. A USAF adquiriu 513 exemplares da versão militar C-337M (de Military) e a Força Aérea Iraniana mais 12 exemplares. No serviço militar a sua nomenclatura passou a ser O-2A Skymaster. Esta versão foi amplamente usada na Guerra do Vietnam como aeronave de reconhecimento táctico (visual e aerofotográfico) a baixa altitude, de vigilância sobre a selva do Sudeste Asiático à procura de posições de guerrilheiros vietcong, como aeronave ligeira de detecção e sinalização de objectivos para os aviões de ataque, como avioneta de ataque ao solo, como transporte de evacuação de combatentes feridos, como aeronave-correio, e sobretudo actuou com especial relevância em missões de Controlo Aéreo Avançado (FAC) com um oficial especialista a bordo. Nessa missão, localizava pilotos norte-americanos abatidos em combate e marcava as suas posições na selva com disparos de foguetes fumígenos para os helicópteros de busca e salvamento em combate (CSAR) poderem dirigir-se ao local com precisão e resgatar os pilotos. Em missões de busca e localização, a O-2A era muito apreciada pelos pilotos devido à óptima visibilidade proporcionada através das suas grandes janelas laterais e no tecto, além das vigias na porta direita, mas também pela sua longa autonomia de voo e alcance que lhe proporcionavam mais de 7 horas de missão. Para ataques ao solo, a avioneta podia ainda ser configurada com dois cabides-pylons por asa e um visor de tiro na cabine de pilotagem. Podia transportar quatro pods lança-rockets, ou suportes-trilhos lança-foguetes explosivos, ou quatro pods de metralhadoras ligeiras (7,62mm) ou pesadas (12,7mm), ou quatro bombas, ou ainda quatro depósitos explosivos de napalm. Em 1967, a USAF começou também a operar na Guerra do Vietnam a versão O-2B Skymaster para Guerra Psicológica, equipada com altifalantes e máquinas lançadoras de folhetos. A versão turbo-alimentada T-337B Turbo Super Skymaster tem dois turbohélices Continental TSIO-360-A (310SHP) e cabine pressurizada para poder operar a10.000m de altitude, sendo capaz de atingir uma velocidade de cruzeiro de 375Km/h e um alcance de 2640Km. Para atender o mercado europeu, as C-337 começaram a ser produzidas sob patente em França, pela Reims Aviation, sob as designações F-337E/F/G/H Super Skymaster (equivalentes às norte-americanas). Em 1970, a Reims concebeu um projecto para uso exclusivamente militar com características de aterragem e descolagem muito curtas, designado por FTMA, cujo protótipo FTMA-337 Milirole voou em Maio 1970. Deste projecto, nasceu a versão FTB-337G Super Skymaster e posteriormente a FP-337G Super Skymaster com cabine pressurizada, reforçada e com quatro janelas quadrangulares em cada lateral da fuselagem por causa da pressão do ar interno. A versão directamente derivada foi a FP-337H Turbo Super Skymaster com entradas de ar extra no ventre e nas laterais do nariz para alimentação dos motores turbo mas com o mesmo desenho geral, esta é a versão mais moderna.
As avionetas Cessna/Reims Model 337 têm excelentes performances, são muitíssimo robustas, fiáveis e duráveis pelo que foram produzidas com grande sucesso de 1963 a 1982 num total de 2993 exemplares em todas as versões. Ainda hoje continuam em operação em grandes números em várias forças aéreas. A FAP-Força Aérea Portuguesa operou 32 avionetas Cessna-Reims FTB-337G Super Skymaster durante quase 33 anos (desde finais de 1974 a meados de 2007). Grande parte delas estavam em "fly condition" e foram guardadas no DGMFA das OGMA, em Alverca. Em 2010, duas delas foram oferecidas pelo Governo Português à Força Aérea de Moçambique para treino, transporte e ligação. As restantes vêm sendo vendidas em 2ª mão a operadores civis e militares que as continuarão operando ainda por muitos anos.
Operadores Militares: EUA (USAF/US Navy/US Army), Canadá (Guarda Costeira), Suécia (Guarda Costeira), França, México, Honduras, Equador, Paraguai, Uruguai, Peru, El Salvador, Colômbia, Chile, Nicarágua, Jamaica, Costa Rica, República Dominicana, Haiti, Ilhas Salomão, Tailândia, Coreia do Sul, Vietnam do Sul, Vietnam, Bangladesh, Sri Lanka, Tamil Eelam, Irão, Senegal, Chade, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Togo, Trinidad e Tobago, Mali, Níger, Nigéria, Costa do Marfim, Namíbia, Rodésia (actual Zimbabué), Burkina Faso, Botswana, Suazilândia, África do Sul, Moçambique e Portugal.